História e Cultura
A população do Distrito é historicamente originária das migrações Bantu que se terão realizado há cerca de um milénio atrás e que se foram operando em vagas sucessivas , a partir da África Central.
O grupo que veio dar origem aos tsonga instalou-se no Sul de Moçambique, espalhando-se por todo o território , até ao rio Save . Estes habitavam em aldeamentos dispersos , e dedicavam-se como actividades principais à caça e pesca .
A administração era descentralizada e os casamentos entre primos eram estritamente proibidos.
Acredita-se que esta proibição permitia a criação de laços com outras aldeias , visto que um dos problemas dos Tsongas era como fazer a integração das suas aldeias dispersas pelo território. Após o estabelecimento dos Portugueses em Delagoa Bay , no séc.XV , os Tsongas passaram a actuar como intermediários no comércio de marfim com os Zulos .
Os territórios que hoje fazem parte do Distrito de Boane eram até 1895 áreas que faziam parte da chefatura Matola . No século XIX, os Guambe, família originária de Beluluane, foram objecto de ataque dos Nguni, que invadiram Moçambique, tendo-se misturado com as etnias locais . Dos costumes dos Nguni o povo local adquiriu, entre outros, a arte da criação de gado, que tem um forte valor socioeconómico na região.
Aquando da chegada dos colonos e após a construção da linha féria que atravessa Boane, estes, pretendendo informar-se sobre o nome da região, questionaram sobre o assunto o Sr. Mboene, cidadão muito popular na região. Este, equivocadamente, terá respondido dando o seu próprio nome: “Hi mine Mboene”, o que levou os Portugueses a designar a zona de “Boane”.
A autoridade tradicional em todo o Distrito é da pertença dos Matsolos (expansão de família Hanhane-Matsolo), havendo um e outro povoado onde os Matsolos conferiram o poder de chefes de terra ou povoado a outras pessoas próximas, como é o caso dos Cuambes nalguns povoados do PA da Matola-Rio .
Em Boane, tal como noutras partes do país, ocorrem manifestações culturais que referenciam os principais acontecimentos da vida quotidiana das famílias tais como: nascimentos, mortes, fase de puberdade, ritos de iniciação, alimentação, religião, línguas faladas e outros. As populações e as
autoridades tradicionais desta zona preservam as cerimónias tradicionais em períodos de abertura e encerramento da época de canhu (Fevereiro-Março), bebida tradicional muito apreciada no sul.
As cerimónias tradicionais como Kuphaslha (pedido a antepassados) são geralmente realizadas em diversas cerimónias incluindo as cerimónias públicas no âmbito de inauguração de diversos tipos de empreendimentos. As danças tradicionais mais praticadas são o Chigubo, Chingomana, Makuaela e Mutimba. Os pratos tradicionais são o Tihovhe, Xiguinha, Uswa, Cacana, entre outros, sendo o amendoim um condimento muito importante na culinária local.
Quanto às autoridades comunitárias de 1ª e 2ª linhas (régulos, chefes de terras e secretários de bairro), foi concluído, na base do Decreto nº 15/2000 sobre esta matéria, o reconhecimento dos régulos e chefes de terra existentes no distrito, estando em curso idêntico processo em relação aos secretários de bairro. A relação entre a Administração e as autoridades comunitárias é positiva e tem contribuído para a solução dos vários problemas locais, nomeadamente os surgidos devido aos conflitos de terras existentes no distrito.
Em relação à religião existem várias crenças no distrito, sendo a Sião/Zione a dominante. Os representantes das respectivas hierarquias têm intervindo, em coordenação com as autoridades distritais, em várias actividades de índole social.